A cultura empresarial vem passando por grandes transformações e, hoje, vivemos um período de transição, renovação de gerações e mudanças nas governanças, principalmente nas áreas de TI e operações.
Dado o cenário, termos como liderança transformacional têm ganhado força nesses setores e incentivado atributos como autonomia, pertencimento, inovação em tecnologia e proatividade, redesenhando a gestão de TI e fazendo dos gestores verdadeiros modelos, que engajam, inspiram e motivam.
Mas qual é o real papel desse movimento no futuro das equipes? Convidamos Renato Costa, Diretor de TI, Marketing e Sustentabilidade na Odontoprev; Claudio Ramos, Co-fundador e Sócio da cHRia; e Carlos Pulici, VP de Operações da Simpress para conversarem sobre como a liderança transformacional pode impactar o modo de atuar dos grandes líderes de tecnologia.
Quando questionados sobre como a liderança transformacional se aplica ao cenário de TI, os especialistas foram unânimes: esse é o modelo que faz com que o time se engaje em seus trabalhos.
Claudio Ramos começa lembrando que esse modelo se baseia em um estilo mais humano de gerência, cujo objetivo é transformar pelo exemplo e não somente pela hierarquia. “Eu acredito que a liderança transformacional vem de um cuidado genuíno com a equipe e com as pessoas, de entender a essência, de estar próximo dos seus funcionários, de fazer com que eles te sigam por uma liderança, por um símbolo e não pela patente ou cargo específico”.
De acordo com ele, a liderança transformacional é a mais efetiva e mais contundente para qualquer organização, o que não está errado: no início deste ano, ela foi listada como a primeira, inclusive, entre as 10 principais competências que seriam mais buscadas pelas empresas.
Já para Renato, uma liderança em TI precisa ter firmeza em suas atitudes, e engajar a equipe, ajudando-a a transformar ações complexas em hábitos diários: “a característica mais importante de um líder é consistência, porque a gente precisa trazer para o time um ritmo que as pessoas consigam fazer – só que consigam fazer todo dia”.
Carlos Pulici, por sua vez, crê que a liderança transformacional tem a ver com cativar e induzir com intenção: “O líder transformacional é aquela pessoa que tá mais engajada em propósito. É o antagonismo ao comando e controle daquela situação que já foi no passado. […] Eu acho que hoje o líder transformacional é o líder que engaja, que motiva, que traz as pessoas para propósitos comuns e usa toda essa habilidade para trazer resultado”.
Ao mesmo tempo em que a liderança transformacional ganha força, um outro fenômeno ocorre: quatro gerações estão dividindo o mesmo ambiente de trabalho. Embora tenha um impacto super positivo em termos de diversidade, para a liderança transformacional, isso representa um obstáculo. Renato pontua que, nos dias atuais, é bastante comum encontrar pessoas mais velhas, que estão habituadas com a hierarquia e, portanto, despreparadas para assumir uma atuação mais autônoma.
“A gente está trabalhando com quatro gerações ao mesmo tempo, hoje, pela primeira vez na história, e imagina você trabalhar com o desafio de duas gerações para trás que estão super acostumadas com o controle?” – Renato Costa, Diretor de TI, Marketing e Sustentabilidade na Odontoprev.
A partir desse raciocínio, ele ainda explica que se houver falta de entendimento entre as partes, também há um risco: “Corre-se o risco de perder um pouquinho daquela galera que só consegue trabalhar no perfil comando e controle”. Isso demonstra a necessidade da liderança transformacional saber se posicionar, olhar para o negócio, buscar entender as pessoas que estão dentro do time, criar uma relação de confiança com a equipe e estabelecer uma sinergia com o mercado, com a empresa e com seus objetivos.
Complementarmente, uma liderança transformacional também deve vir acompanhada de outras características para ter sucesso que, segundo os especialistas, devem se pautar em:
Dado o cenário geracional, primeiramente é importante ter em mente que haverá pessoas jovens em posições de liderança, que cada geração prefere um tipo de abordagem e que, muitas vezes, vai acontecer esse misto no dia a dia corporativo. Logo, o líder transformacional precisará se moldar e se adaptar ao cenário.
Para Claudio Ramos, é uma questão de ter flexibilidade: “Quão flexível é esse líder? Esse líder tem que saber a hora certa de elogiar, mas será que ele sabe ser duro também quando precisa?”. Ou seja, deve existir a maleabilidade ao governar um time.
Já para Renato, estes são os maiores desafios: “O Steve Jobs tinha uma frase maravilhosa que dizia o seguinte: a maior burrice que um líder pode cometer é contratar uma pessoa boa e falar pra ela o que ela tem que fazer.”, sintetiza. “Então eu acho que esse sim (empoderamento e autonomia) é o mais difícil junto com o visionário, porque você conseguir explicar de uma forma simples um problema complexo é um dom”.
De acordo com o especialista, uma boa liderança transformacional precisa confiar no time, deixá-lo trabalhar e, acima de tudo, saber transformar os desafios complexos em tarefas fáceis de serem executadas.
Por fim, Claudio Ramos ainda ressalta que é na interatividade que reside outro grande obstáculo de uma liderança transformacional: “Eu falo com muita confiança, muita certeza: é a questão da interlocução e a comunicação. Até porque o profissional de tecnologia, ele nasceu no mundo muito tech, mas ele não teve culpa disso. Ele foi crescendo e essa comunicação vai sendo mais demandada dele com senioridade à medida que ele vai subindo de nível, e nem sempre ele consegue acompanhar isso”. Claudio enxerga a comunicação como algo a ser desenvolvido e aprimorado em qualquer profissional de TI, e enfatiza: “Hoje, o maior GAP dos líderes de tecnologia é a comunicação executiva”.
Carlos Pulici concorda e complementa, enaltecendo o papel revolucionário de uma boa interlocução:
“A gente começou a colecionar clientes felizes que tiveram problema conosco; e o remédio que foi dado foi uma boa comunicação. […] Um cliente feliz que enfrentou um problema, mas teve o tratamento com excelência na comunicação, no timing correto, da forma correta, com muito cuidado.. fica extremamente fiel e grato”
Em um cenário onde a tecnologia avança a passos largos, encontrar novas formas de liderar e de gerenciar equipes é essencial para alcançar novos patamares. A liderança transformacional é um modelo promissor para o sucesso das empresas e a boa notícia é que já é possível estimulá-la por meio de três pilares essenciais:
Para Claudio, uma das formas de avançar na liderança transformacional é por meio do carisma: “A pessoa pode ser a melhor em tudo, mas se ela não tiver senso de humor, se ela não tiver um pouco de carisma, ele já descarta. E faz toda a diferença. Eu acho que, talvez, o carisma ele entra como mais um pilar. (…) Você encontrar um profissional como esse, e ainda com carisma, é o profissional perfeito”.
Ter o dom para estimular o time intelectualmente também é importante. Para Renato, o segredo para promover essa habilidade é sair do modelo tradicional de pensamento e buscar novas perspectivas: “Sai do seu setor, do seu modelinho de pensamento, e pensa na vida da pessoa, qual é a utilidade que a gente pode ter comparado com o que ela faz no dia a dia dela, em outros setores. (…) Esse é o estímulo intelectual que a gente tem que fazer toda hora”.
E, por último, o engajamento: na visão de Carlos Pulici, essa é uma das qualidades mais importantes para estimular a liderança transformacional: “Tem um videozinho público na internet do Cláudio Barros Filho que ele fala em brio”, cita. “Se você tem brio, você consegue mexer com brio das pessoas. Quando a gente consegue engajar todo mundo, ter todo o grupo, conhecendo qual o propósito, qual é o desafio que a gente tem que fazer, você consegue um resultado muito maior. (…) Então acho que, sim, num grupo grande, o engajamento mais uniforme tem sido um dos maiores desafios”.
A lição que nossos especialistas deixam é que, a cada novo dia, a TI se encontra mais e mais ao centro da gestão e da tomada de decisão. Por essa razão, é imprescindível que as novas lideranças se adequem a esse novo momento, incentivando novos métodos de trabalho para atrair e reter talentos capazes de apoiar o crescimento do departamento e da organização como um todo.
Gostou e quer saber mais sobre liderança transformacional, gestão de TI e outros assuntos ligados à governança, tecnologia e atualidades? Então ouça o episódio completo no Spotify ou clique no link e assista no YouTube:
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