Com as vantagens de automatizar processos e reduzir recursos, a IA tem sido a maior aposta entre as empresas nestes últimos anos. Seu uso, no entanto, tem deixado a sociedade receosa, além de estar levantando questionamentos importantes a respeito do futuro do trabalho com tecnologias.
Neste quinto episódio do PodSim, dialogamos sobre as tendências do futuro do trabalho e como a tecnologia pode afetar esse campo ⎯ e para este bate-papo, convidamos dois grandes especialistas no assunto: Gil Giardelli, professor, palestrante e Co Founder da 5ERA, e Marcio Gomes, Diretor de Digital Workplace da Simpress.
Quer descobrir qual é a visão dos especialistas sobre inteligência artificial e sua interferência nos negócios e na sociedade? Então continue aqui conosco.
As estratégias corporativas estão cada vez mais ligadas à adoção de novas tecnologias, mas muitos profissionais ainda não compreendem plenamente os benefícios dessas mudanças, prejudicando a integração com sua cultura organizacional. Inclusive, Gil Giardelli já começa levantando essa bola ao dizer que “a maioria das pessoas não entende com profundidade essa transformação”.
Na prática, é justamente essa falta de entendimento que tem gerado o medo em torno do futuro do trabalho com tecnologias, bem como um alarde sobre uma possível onda de desemprego causada pelo uso da IA. O especialista, no entanto, acredita em um cenário bem mais promissor. Para ele, a tecnologia no trabalho e a inteligência artificial podem abrir caminhos para novas profissões e oportunidades, incluindo jornadas mais flexíveis e novos formatos. Tudo seria uma questão dos profissionais e, principalmente das empresas, aproveitarem as vantagens dessas mudanças para adequar a IA à sua cultura organizacional.
“Eu tenho um grupo de ex-alunos que está morando em Dubai, outro morando em cidades paradisíacas e vivendo de forma nômade”, exemplificou ele. Giardelli cita que um de seus ex-alunos, inclusive, muda de cidade a cada 6 meses, e tem notado um crescimento constante em suas avaliações de rendimento. “É difícil você criar essa essa cultura”, ele reforça, “mas a nova geração traz isso.”
Sobre a ideia de uma possível ameaça, Gil também reforça que é necessário atenção para não cometer exageros e que é papel dos líderes assumirem uma postura mais humanista frente a todos esses avanços. Segundo o expert, mesmo que existam ferramentas capazes de criar coisas fantásticas de vídeo e de textos, com potencial notório para colocar cargos em risco, o cuidado para gerir isso tudo é imprescindível. Ele recomenda que os líderes façam, então, um resgate; olhem para os grandes pensadores da humanidade, e assumam uma postura que valorize a condição humana acima de tudo.
Complementarmente, Marcio Gomes diz entender que a tecnologia no trabalho e a IA têm transformado os negócios, e aquele que não pensar de forma estratégica acabará ficando de fora. Mas, é preciso imaginar os novos recursos como ferramentas de potencialização, e não de substituição.
Segundo ele, a ideia da IA é estimular pessoas e apoiá-las, para gerar os resultados esperados. O futuro do trabalho estaria, então, em entender as demandas corporativas e buscar as tecnologias mais adequadas para dar suporte aos times, ao invés de substituí-los. Marcio ainda cita o caso de uma clínica médica, por exemplo, que hoje conta com recursos para apoiar a análise clínica e aperfeiçoar o trabalho das equipes humanas de assistência.
Quando entramos nos impactos da tecnologia no futuro do trabalho, Gil Giardelli é categórico ao dizer que as pessoas não devem alimentar o receio em relação às novas inteligências: “Eu acho que elas (as pessoas) não têm que ter medo. Elas têm que ter brilho no olhar, entender que o estudar todo dia é uma obrigação para quem quiser ir para o próximo passo desta era fantástica”. Para o especialista, há uma necessidade iminente de se adquirir conhecimento, e sempre questionar os métodos utilizados.
Marcio completa que, no atual cenário, é inadmissível se manter acomodado e ao que tudo indica, a sociedade concorda com essas ideias: um estudo recente realizado pela PwC Brasil, com mais de 30 mil pessoas, revelou que 77% dos trabalhadores estão prontos para aprender novas habilidades ou fazer uma reciclagem completa em suas atividades.
Vejamos o que eles pensam a respeito de mobilidade, processos, personalização do atendimento e possibilidades de expansão:
Para Marcio, um dos principais impactos da tecnologia no trabalho é a flexibilidade nas contratações. “Ter a possibilidade de usar tecnologia e contratar pessoas em qualquer região ajuda muito”, diz ele. Segundo o expert, essa é uma vantagem que beneficia também a sociedade, uma vez que possibilita levar atendimento e tecnologia para lugares onde há escassez de recursos.
Na outra ponta, Gil Giardelli defende que o uso da tecnologia no trabalho tem agregado maior eficiência aos processos. Para contextualizar, ele cita o exemplo de sistemas robóticos utilizados no cuidado com a saúde mental. Segundo Gil, essas tecnologias não devem substituir o atendimento humano, e sim acelerar o reconhecimento dos sintomas e auxiliar terapeutas e equipes de assistência a adotarem estratégias mais assertivas.
Gil e Marcio concordam que, entre os impactos da tecnologia no trabalho, também está a aproximação real entre empresas e clientes, algo que agrega vantagens não somente aos negócios, mas à sociedade como um todo.
Para Marcio, os recursos que temos somados a uma estratégia bem definida, favorecem o crescimento e a expansão corporativa, fechando a lista de impactos da tecnologia no trabalho.
Se a tecnologia no trabalho veio para ficar, como então se preparar para o futuro do trabalho e utilizar os novos recursos de forma adequada? Nossos especialistas apontaram algumas estratégias inteligentes:
Para Marcio Gomes, um caminho interessante para explorar a tecnologia no trabalho com assertividade é ter curiosidade, mas não somente isso: “Você tem que ser curioso todo dia, e pesquisar coisas diferentes, mas não ficar ali, só no planejamento”, defende. Segundo ele, o futuro do trabalho com tecnologias tem muito a ver com ação e movimento: “Tem que executar. Porque se você só é curioso, pesquisa, mas não executa, você passa a ser sonhador. E sonhador não tem resultado.”
Já para Gil Giardelli, o futuro do trabalho e o uso de tecnologia no trabalho requer serenidade, ainda mais em tempos tão frenéticos. Segundo o especialista, abraçar as transformações com calma é essencial para se adaptar com facilidade e ter mais sucesso em suas ações.
E, por último, o futuro do trabalho exige que o profissional priorize a qualidade e a competência, mas sempre mirando na excelência: “A gente viu a OpenAI”, diz Giardelli, referindo-se à desenvolvedora do famoso ChatGPT. Segundo ele, a empresa não estava à frente nessa corrida, mas teve um desempenho elevado, o que culminou em seu sucesso estrondoso.
Em relação ao uso da inteligência artificial e o futuro do trabalho, concluímos que as expectativas são realmente promissoras: para os especialistas, a IA favorece a flexibilidade nas contratações, impulsiona novas oportunidades e formatos de trabalho, otimiza a atuação dos times, potencializa processos e resultados, e finalmente, remodela e aprimora a forma de atuar das empresas.
Mas pelo menos aqui no Brasil, ainda há muitos desafios a serem superados, e alguns deles se concentram em problemas sociais de base mal resolvidos, que acabam limitando a nossa criatividade e compreensão em relação a toda essa gama de recursos.
Para Gil Giardelli, que é professor, é muito importante que se invista em educação desde a primeira infância. “A gente está brincando de ensinar pessoas, pessoas estão brincando de passar de ano com notas boas. […] A gente precisa de um projeto de nação e colocar a educação realmente no centro de tudo isso.”
De acordo com Marcio, enquanto essa transformação tão necessária não acontece, é crucial que as empresas absorvam esse gap da educação, e treinem seus profissionais internamente. Esse treinamento deve abranger capacitação, testes e incentivos, que juntos contribuirão para o sucesso do negócio e um futuro mais resplandecente e promissor.
Quer se aprofundar no assunto? Então ouça o episódio no Spotify clicando aqui ou assista no YouTube dando o play abaixo!
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